segunda-feira, 11 de outubro de 2021

[PB91] “Guerras da Ciência” e postura anticientífica em geografia

Boletim Alfenense de Geografia (Alfenas/MG)

[volume 1, número 1, p. 57-79, 2021 - primeiro autor: Neandher da S. P. Galvão, Mestrando/UnB]
É APRESENTADO O FAMOSO CASO DAS "SCIENCE WARS", DISPUTA ENTRE PRATICANTES E ANALISTAS DA CIÊNCIA EM TORNO DE QUEM DETÉM MAIOR CREDIBILIDADE PARA EXPLICAR O QUE CARACTERIZA O TRABALHO CIENTÍFICO. UMA DAS RUSGAS CONSISTIU EM QUE IMPORTÂNCIA ATRIBUIR AOS FATORES SOCIOCULTURAIS, ECONÔMICOS E POLÍTICOS NA DETERMINAÇÃO DO QUE OCORRE NO UNIVERSO DA CIÊNCIA - QUANDO, ENTÃO, UM ANTAGONISMO SE MANIFESTOU: MINIMIZAÇÃO VERSUS SUSTENTAÇÃO DOS PROTOCOLOS RACIONAIS DA MODERNIDADE. O TEXTO PROCURA EXPLORAR O QUE PODERIA SER UMA PROJEÇÃO DESTA DISPUTA NO ÂMBITO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA, TOMADO COMO CASO ILUSTRATIVO PARTE DO PENSAMENTO DE DAVID HARVEY.
[extrato: É possível estabelecer uma nomenclatura para esses grupos mais céticos quanto à ciência? Como vimos antes, Gross e Levitt (1998) se referem a eles como 'Esquerda Acadêmica', o que certamente englobaria não apenas os pós-modernos, mas inclusive escolas marxistas. Essa abertura, por sinal, nos favoreceria inserir David Harvey na arena de discussão. Porém, não seria prudente, menos ainda conveniente, uma vez que a medida poderia alimentar ideólogos do 'outro lado' do espectro político – haja vista o caso Sokal e sua 'armadilha'. Porque escândalos como o Sokal’s Hoax foram usados por ideólogos oportunistas (como o famigerado Olavo de Carvalho), que quiseram elogiar como uma 'proeza' o feito de 'mostrar a inépcia intelectual da esquerda acadêmica' (CARVALHO apud ÁVILA, 2013, p. 16). Portanto, é necessário um termo que seja mais temperado, e que, por isso, englobe mais do que meramente um alinhamento político. (71)]

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

[PB90] Cartografia e modelagem: mapas como modelos da ciência geográfica

XII Principia International Symposium

[02-05 Ago. 2021, UFSC, Anais, p. 37-38]
APRESENTAÇÃO DO CASO "PRODUÇÃO DE MAPAS" (EM MÚLTIPLOS CONTEXTOS) COMO SENDO ILUSTRATIVO DE UMA PRÁTICA DE MODELAGEM. O MAPA SERIA, POR EXCELÊNCIA, UM MODELO DA GEOGRAFIA - E INDICARIAM ISSO SUAS CARACTERÍSTICAS "REPRESENTACIONAL", "PERSPECTIVA" E "PROVISÓRIA". ADEMAIS, A EXEMPLO DE OUTROS ARTEFATOS CIENTÍFICOS, ELE DETERIA UM SENTIDO LÓGICO/INTERNALISTA (NORMAS SEMIOLÓGICAS DE CONFECÇÃO) E UM SENTIDO SOCIOLÓGICO/EXTERNALISTA (VEICULAÇÃO DE IMAGINÁRIOS ANCORADOS EM CONTEXTO).
[extrato: (...) há sempre em jogo a operação de um intelecto que, simultaneamente, (i) reconhece a
existência de um 'objeto', (ii) estabelece um modo de 'tradução' de algumas de suas propriedades e (iii) informa ou condicionada um certo campo possível de 'significados'. Esses seriam os aspectos lógico-cognitivos subjacentes à prática da cartografia (...). (p. 37)]
Link: https://principia.ufsc.br/wp-content/uploads/2021/08/12th-principia-abstracts.pdf

segunda-feira, 26 de julho de 2021

[PB89] Onde o físico encontra o humano: proposição de um programa de pesquisa multidimensional para uma geografia da música baseada em ruído

 Punto Sur (Buenos Aires/Ar)

[número 4, p. 239-266, Ene./Jun. 2021 - primeira autora: Nina Puglia Oliveira, Doutoranda/UnB]
NO ARTIGO APRESENTAMOS A IDEIA SUBJACENTE DE QUE OS FENÔMENOS CULTURAL, ORGÂNICO E FÍSICO, POR SE DESENVOLVEREM SEGUNDO UMA ONTOLOGIA DA “EMERGÊNCIA”, DETÊM UM PROVÁVEL PODER DE INSTRUIR (EM CONFORMIDADE COM OS SABERES CONSTITUÍDOS NOS CAMPOS CIENTÍFICOS ESPECIALIZADOS) OS ESTUDOS A RESPEITO DE OBJETOS CUJA IDENTIDADE PAREÇA ENVOLVER UMA CONFLUÊNCIA DE FENÔMENOS DE ORDENS DIVERSAS. O CASO EXPLORADO É O DOS ESTUDOS SOBRE MÚSICA, QUE SUGERIMOS PRECISAREM ENVOLVER NECESSARIAMENTE UMA BASE FÍSICO-FISIOLÓGICA, MAS SEM QUE O ASPECTO (TAMBÉM) SOCIOCULTURAL DO OBJETO PRECISE SER COMPREENDIDO SEGUNDO UMA VISÃO DE REDUCIONISMO AO MUNDO MATERIAL.
[extrato: "[...] uma geografia da música (GM) pode ser tratada como uma emergência complexa a partir de uma geografia do ruído (GR), e que apenas vem à tona graças às existências precípuas do mundo físico (onde se encontram materiais e princípios de movimento, recursos naturais, dinâmicas de fluxo etc.) e do mundo vivo (sistemas biológicos cognitivamente qualificados)." (262)]
Link: http://revistascientificas.filo.uba.ar/index.php/RPS/article/view/10410/9109

segunda-feira, 10 de maio de 2021

[PB88] Geografia, essa estranha (des)conhecida: feitos e potencialidades da ciência geográfica no âmbito da epistemologia

Filosofía e historia de la ciencia y sociedad en Latinoamérica: volumen II: a filosofia das ciências sociais na América do Sul / ciencia, género(s) y feminismo(s) (Org.: Claudio Abreu; Federico Bernabé; Sandra Caponi; Alberto Oliva)

[Buenos Aires: AFHIC, 2021. 237p. (p. 42-65)]

CAPÍTULO QUE APRESENTA À COMUNIDADE DE PESQUISADORES LATINO-AMERICANOS EM HISTÓRIA E FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS O CASO POUCO DIFUNDIDO DOS ESTUDOS EM HISTORIOGRAFIA E EPISTEMOLOGIA DA GEOGRAFIA. ISSO É FEITO A PARTIR DE TRÊS ÂNGULOS DE ABORDAGEM: UMA NARRATIVA QUE SUMARIA A TRAJETÓRIA EVOLUTIVA DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA; UM PANORAMA DAS PESQUISAS FILOSÓFICAS SOBRE A NATUREZA DA DISCIPLINA; E A PROPOSIÇÃO DE UM MODELO DE ABORDAGEM METACIENTÍFICA QUE SE CARACTERIZARIA PELA GEOGRAFICIDADE DA PERSPECTIVA ANALÍTICA.
[extrato: "[...] aspectos outros, inerentes à análise espacial, poderiam ascender aos estudos de segunda ordem; sofisticando um pouco mais as abordagens geográficas da Epistemologia. Nos referimos, em particular, a estudos de dinâmica regional que mesclam insights geofísicos e fitológicos – quando, então, dois ângulos de análise passariam a prefigurar como fecundos: um, que poria em destaque a ideia de epicentro (fenômeno que, uma vez eclodido, desencadeia dinâmica de reverberações sucessivas); e outro, que chamaria a atenção para as características de uma das etapas da evolução irrompida (o período fértil do epicentro)." (p. 60)]
LINK: http://www.afhic.com/wp-content/uploads/2021/05/AFHIC_VolumenII.pdf

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

[PB87] Filosofia da ciência e geografia física

Humboldt: Revista de Geografia Física e Meio Ambiente (UERJ)

[volume 1, número 2, p. 1-43, Jan./Jun. 2021]
A PARTIR DE UMA DIFERENCIAÇÃO ENTRE O QUE SERIAM AS ATRIBUIÇÕES DA FILOSOFIA E DA FILOSOFIA DA CIÊNCIA (FC), DEMONSTRAMOS O POTENCIAL AUXÍLIO QUE A CONSAGRADA LITERATURA EM "FC" PODE DAR A UM EXAME TEÓRICO SOBRE OS ESQUEMAS DE REPRESENTAÇÃO E DE INTERVENÇÃO NA GEOGRAFIA FÍSICA (GF) - UM EXAME QUE SERIA, DE FATO, "EPISTEMOLÓGICO". PARA ISSO, SELECIONAMOS ALGUNS DOS AUTORES MAIS RELEVANTES DA "FC" POSTERIOR À SUA FASE NEOPOSITIVISTA; E SUGERIMOS EXEMPLOS DE ESTUDO EM QUE A LEITURA QUE ELES PROPÕEM TERIA UMA INTERESSANTE APLICABILIDADE NA "GF".
[extrato: “(...) estudos de Filosofia 'da Geografia' não serão nunca equivalentes a estudos de Filosofia da Ciência 'aplicada à Geografia'. Entre os primeiros podem se inserir indagações de pretensão essencialista, como a de nos perguntarmos sobre a natureza do espaço geográfico ou sobre a condição existencial do sujeito neste espaço. Já entre os segundos – bem mais apropriados a aclarar as rotinas práticas de produção de conhecimento 'científico' (isto é, útil, aproximado e contrastável) –, indagações centradas nos fatores que viabilizam e condicionam essa produção: os aspectos lógico-cognitivos (consistência das estruturas teóricas que representam fenômenos, adequação dos artefatos técnicos para a captura e o tratamento da informação etc.) e sociológico-contextuais (demandas de época, instituições promotoras, redes de cooperação etc.). Em terceiro lugar, o fato dos pesquisadores lidarem com fenômenos de naturezas distintas quando praticam GF e geografia humana, não implica que as perspectivas filosóficas a serem utilizadas (ou identificadas) tenham de ser, fatalmente, de naturezas também distintas. O geógrafo humano (especialmente se alinhado à teoria social crítica) lida com processos que podem envolver o que entenderá ser a manifestação de injustiça, segregação, perversidade; então ele, 'naturalmente', é atraído a se valer de autores de linhagem continental. Ao passo que o geógrafo físico, por lidar com dinâmicas sobretudo naturalistas (balanços de energia, transportes de matéria, colapsos e reequilíbrios), seria o que, 'previsivelmente', deveria se servir de autores que se dedicaram a pensar as ciências físicas. Bem, o grande erro aqui está em ignorar que, se o objetivo é o de precisamente proceder a uma investigação epistemológica, há uma especial família de autores especialistas a ser consultada; e que essa fonte filosófica (ainda que mormente constituída de examinadores de ciências exatas e empíricas) tem valor instrutivo transdisciplinar.” (5, grifo nosso)]
Link: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/humboldt/article/view/57372/36817