sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

[PB87] Filosofia da ciência e geografia física

Humboldt: Revista de Geografia Física e Meio Ambiente (UERJ)

[volume 1, número 2, p. 1-43, Jan./Jun. 2021]
A PARTIR DE UMA DIFERENCIAÇÃO ENTRE O QUE SERIAM AS ATRIBUIÇÕES DA FILOSOFIA E DA FILOSOFIA DA CIÊNCIA (FC), DEMONSTRAMOS O POTENCIAL AUXÍLIO QUE A CONSAGRADA LITERATURA EM "FC" PODE DAR A UM EXAME TEÓRICO SOBRE OS ESQUEMAS DE REPRESENTAÇÃO E DE INTERVENÇÃO NA GEOGRAFIA FÍSICA (GF) - UM EXAME QUE SERIA, DE FATO, "EPISTEMOLÓGICO". PARA ISSO, SELECIONAMOS ALGUNS DOS AUTORES MAIS RELEVANTES DA "FC" POSTERIOR À SUA FASE NEOPOSITIVISTA; E SUGERIMOS EXEMPLOS DE ESTUDO EM QUE A LEITURA QUE ELES PROPÕEM TERIA UMA INTERESSANTE APLICABILIDADE NA "GF".
[extrato: “(...) estudos de Filosofia 'da Geografia' não serão nunca equivalentes a estudos de Filosofia da Ciência 'aplicada à Geografia'. Entre os primeiros podem se inserir indagações de pretensão essencialista, como a de nos perguntarmos sobre a natureza do espaço geográfico ou sobre a condição existencial do sujeito neste espaço. Já entre os segundos – bem mais apropriados a aclarar as rotinas práticas de produção de conhecimento 'científico' (isto é, útil, aproximado e contrastável) –, indagações centradas nos fatores que viabilizam e condicionam essa produção: os aspectos lógico-cognitivos (consistência das estruturas teóricas que representam fenômenos, adequação dos artefatos técnicos para a captura e o tratamento da informação etc.) e sociológico-contextuais (demandas de época, instituições promotoras, redes de cooperação etc.). Em terceiro lugar, o fato dos pesquisadores lidarem com fenômenos de naturezas distintas quando praticam GF e geografia humana, não implica que as perspectivas filosóficas a serem utilizadas (ou identificadas) tenham de ser, fatalmente, de naturezas também distintas. O geógrafo humano (especialmente se alinhado à teoria social crítica) lida com processos que podem envolver o que entenderá ser a manifestação de injustiça, segregação, perversidade; então ele, 'naturalmente', é atraído a se valer de autores de linhagem continental. Ao passo que o geógrafo físico, por lidar com dinâmicas sobretudo naturalistas (balanços de energia, transportes de matéria, colapsos e reequilíbrios), seria o que, 'previsivelmente', deveria se servir de autores que se dedicaram a pensar as ciências físicas. Bem, o grande erro aqui está em ignorar que, se o objetivo é o de precisamente proceder a uma investigação epistemológica, há uma especial família de autores especialistas a ser consultada; e que essa fonte filosófica (ainda que mormente constituída de examinadores de ciências exatas e empíricas) tem valor instrutivo transdisciplinar.” (5, grifo nosso)]
Link: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/humboldt/article/view/57372/36817