V Seminário de História e Filosofia da Ciência
[26-29 Nov. 2012, UFABC, Anais, p. 29-33]
COMUNICAÇÃO QUESTIONANDO A SUPOSIÇÃO (CORRENTE EM LITERATURA) DE QUE HAVERIA UMA RELAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA OU SUBJACÊNCIA ENTRE PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS E PRECEITOS FILOSÓFICOS (ISTO É, DE QUE ESTARÍAMOS AUTORIZADOS ENTÃO A FALAR QUE, NO CASO DA GEOGRAFIA, AS ESCOLAS OU CORRENTES SERIAM INOCULADAS POR RESPECTIVOS SISTEMAS DE PENSAMENTO FILOSÓFICO). TOMANDO OS CASOS EMBLEMÁTICOS "GEOGRAFIA CLÁSSICA" E "GEOGRAFIA TEORÉTICA E QUANTITATIVA" (NORMALMENTE ENTENDIDOS COMO DE LINHAGEM POSITIVISTA), SUSTENTAMOS QUE, APESAR DO SEGUNDO CASO TER INCORPORADO DE FORMA RELATIVAMENTE MAIS EVIDENTE AS CLÁUSULAS DO POSITIVISMO LÓGICO, O PRIMEIRO CASO CHEGA A APRESENTAR CARACTERÍSTICAS QUE CONTRARIAM PRECEITOS DO POSITIVISMO - FATO QUE TORNA, PORTANTO, IMPRECISA A "ROTULAÇÃO FILOSÓFICA" DOS ESTILOS DE PENSAMENTO GEOGRÁFICO.
[extrato: "Entretanto,
como afirmamos no início, talvez possamos também detectar sinais que insinuariam
a tese contrária; de “contra-inoculações”, por assim dizer. Primeiramente porque
o estatuto positivista que mitifica a noção de “lei” legitimou a pretensão em,
a partir de certo número delas, engendrar teorias específicas – e por estas
(definidoras que são de relações entre fenômenos) chegar a fazer predições bem
sucedidas. Bem, mas ocorre que essa ambição não foi verificada no período clássico
da Geografia; muito pelo contrário. Embora estivesse contida nos discursos a
máxima de que, na articulação dos casos regionais, se identificariam certos
princípios de regramento, os representantes da Traditional Geography demonstrarão uma inflexível resistência ao
raciocínio generalizante (ao esprit de
système). Noutras palavras, para o geógrafo clássico interpretar os
fenômenos por meio de protótipos teóricos significava omitir as ricas
peculiaridades – ou o “caráter único” – das regiões que inventariavam." (p. 31)]
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